"Torço para que Brics não vire aliança anti-ocidental", diz Troyjo à CNN
Publicada em 08/03/25 às 20:50h - 18 visualizações
CNN Brasil
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\\\\ (Foto: CNN)
Com a autoridade de quem comandou por quase três anos o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos Brics, o economista Marcos Troyjo avalia que a ampliação recente do grupo deixou uma série de perguntas sobre o seu próprio significado.
Ele lembra que o acrônimo foi criado por Jim O'Neill, do Goldman Sachs, para referir-se a quatro economias emergentes Brasil, Rússia, Índia e China que abocanhariam uma fatia cada vez maior do PIB global.
Depois, houve a inclusão da África do Sul para dar o peso de um representante do continente africano. "Essa ideia foi substituída por alguma outra coisa.
Você passou a ter o Irã, um dos países mais sancionados do mundo, como membro do Brics", observa Troyjo, que presidiu o NDB entre 2020 e 2023.
"Passou até a Etiópia, que é um país com renda per capita pouco maior de US$ 1 mil [por ano].
Então, aquilo que tinha uma certa coerência foi substituído por outra coisa que ainda não dá para saber bem o que é", acrescenta.
Além de Irã e Etiópia, outros três países foram incorporados pelo Brics: Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes.
Neste ano, a Indonésia também aderiu formalmente.
"Eu torço muito para que o Brics não se torne uma aliança anti-ocidental.
Porque o Brasil é um país ocidental, né? Então, estaria jogando contra os seus próprios interesses." Em 2025, o Brasil exerce a presidência rotativa do grupo.
A cúpula de líderes do Brics está marcada para julho, no Rio de Janeiro.
Em participação no CNN Entrevistas, que vai ao ar neste sábado (8), Troyjo lamentou a paralisia no processo de adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Outros cinco países Argentina, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia foram admitidos junto com o Brasil para negociar sua entrada na OCDE.
É um processo lento, que requer a incorporação de dezenas de acordos, mas entrou em banho-maria no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Nós seríamos o único país do mundo a ser membro do Brics, do G20 e também da OCDE", disse Troyjo.
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